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Paris Photo e Mois de la Photo

Paris Photo e Mois de la Photo

No mês de novembro pude visitar Paris no melhor mês para qualquer fotógrafo: Mois de la Photo! É quando acontecem vários eventos e exposições de fotografia com conteúdo do mundo todo em um só lugar. Além da programação main stream com a enorme feira Paris Photo, que este ano aconteceu no Grand Palais, também havia exposições em museus e galerias de arte espalhados por toda a cidade.

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Entrada da Feira no Grand Palais.

Ainda tive a sorte de conseguir reunir no passeio meus dois printers, a brasileira Joanna Americano Castilho e o espanhol Juan Cruz Ibañez Gangutia!

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Joanna e Juan na Pont des Arts!

Pra que curte garimpar novidades como eu, havia também uma opção mais descontraída, o Mois de la Photo Off. Foi lá que eu pude satisfazer meu vício em fotografia oriental e voltei muito inspirada pela delicadeza, força e perfeição dos fotógrafos japoneses. Destaco a exposição “Japanese Eyes” na InBetween Gallery como uma grata surpresa no Marais. Masahito Agake (Tokio 1969), um arquiteto que fotografa cenas urbanas

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Masahito Agake – “Namekuji Soshi Gaiden”.

e Saori Ninomiya (Japão 1970), com a série “Requiem” que revela o grão analógico da fotografia p&b com muita técnica e emoção, foram meus preferidos.

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Saori Ninomiya – “Requiem”.

Outra fotógrafa japonesa que me surpreendeu foi a Yuriko Takagi, com exposição na Galerie Lazarew. “Sei” em japonês pode ser representado por uma quantidade enorme de caracteres, todos com significados que descrevem as fases da vida e até mesmo os contornos do universo. A fotógrafa selecionou 28 palavras que variam entre “honesto” e  “convidar” a “abundância”, “sexo” ou “morte” e fotografou flores em seus diferentes estágios de vida para representar o conceito proposto. Importante comentar que Takagi faz suas próprias ampliações e controla o processo fotográfico do começo ao fim.

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Yuriko Takagi – “Sei”.

Ainda no Marais, o Espace Topographie de l’art, um galpão super iluminado e espaçoso, reunia na exposição “Avers et revers sensible” nomes como Antoine D’Agata, Dieter Appelt, Roger Ballen, Blanca Casas Brullet, Patrick Tosani e Andrés Serrano, este último com a já conhecida série “The Morgue“, retratos cheios de textura feitos no necrotério.

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Já na Maison Européenne de la Photographie, pude conferir quatro exposições bem diferentes! A primeira, um trabalho documental da fotógrafa francesa Marie Dorigny. “Land Grab” ou no original “Main basse sur la terre”, que ganhou o Prix Photo AFD 2013. O trabalho trata de questões que envolvem a compra de terras agrícolas por parte dos investidores internacionais e seus efeitos nas populações locais. É o tipo de trabalho que eu acredito só ser possível com a convivência e extrema aproximação com os personagens. Nas palavras do diretor da casa, Alain Migam, Marie foge de qualquer dramatização estética, não fazendo um espetáculo da miséria humana, e faz com que tudo seja envolvido num ar de dignidade e busca pelo respeito no olhar daqueles que só tem olhos para chorar.

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Marie Dorigny – “Main Basse Sur la Terre”.

Havia também uma individual do espanhol Alberto García-Alix, de quem sou muito fã desde que morei na Espanha. “De Faux Horizons“, com curadoria de Nicolas Combarra, é quase autobiográfica e García-Alix desconstrói a realidade através da fotografia e do trânsito emocional de sua própria imaginação: paisagens urbanas, naturezas-mortas, retratos e auto-retratos abstratos. Uma seleção das melhores imagens do seu trabalho mais recente.

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Alberto García-Alix – “Faux Horizons”.

Tim Parchikov (Moscow 1983) com seu “Suspense” estava muito bem ambientada, em uma sala com pouca luz e cópias em formato caixa de luz (backlight). Parecia um filme e entrar no clima do suspense não foi difícil com a edição favorecendo muito a experiência do espectador. São imagens de suas andanças ao redor do mundo, principalmente entre Europa e Ásia, tiradas à noite que tem como resultado uma atmosfera densa e misteriosa. O trabalho pode ser definido de maneira ambígua: como hiper-real ou pictórico, banal ou dramático, familiar ou estranho. O artista simplesmente acredita que todas as coisas estão escondendo algo que tem a capacidade de ser visto e experimentado de outra forma.

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Tim Parchikov – “Suspense”.

Pra fechar a MEP com algo bem dinâmico, desci para o subsolo que abrigava o Festival Open Videoart, com trabalhos do brasileiro Rogério Reis (“Ninguém é de ninguém“, também exibido no FotoRio 2014), e Chris Quanta, com seu “Coup de balai sur l’impressionisme“, que através das gotas de chuva na lente da câmera vai transformando uma fotografia em um quadro impressionista.

Na própria feira, minha grande descoberta foi o trabalho do japonês Naoya Hatakeyama, “River Series“, exposto pela galeria SAGE. A impressão da junção de duas fotos em uma era confundida ao se aproximar da imagem, uma série de 9 lambda prints com tamanho 54 x 28 cm.

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Naoya Hatakeyama – “River Series”.

Também houve toda uma programação dedicada aos livros de fotografia, que incluía o prêmio da Aperture Foundation dentro do Paris Photo e o circuito alternativo do Off Print Paris, com editoras e artistas que trouxeram edições independentes de todo o mundo! Mas isso é assunto pro próximo post…

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